Bernardo Sassetti faria hoje 50 anos. faz hoje 50 anos. uma das minhas últimas aquisições musicais - continuo a comprar discos (CDs) - foi, há uns meses largos, pré-esta coisa cujo nome não direi, o álbum Solo, lançado postumamente. quando percebi que a arca sassettiana estava a abrir-se, receei que sucedesse o que me parece ter acontecido com o caso Pessoa: quanto mais inéditos saem da arca, maior se torna a obra; mas o índice médio de qualidade da obra necessariamente decresce. sim, creio que tanta edição fez mais mal do que bem a Pessoa. batam-me depois porque isto é uma nota lateral.
voltemos a Sassetti: não lhe sucedeu, até agora, o mesmo que a Pessoa. este Solo, gravado no Teatro Micaelense, é claramente um 'capolavoro'. atraído pelo piano do teatro, cuja mística crescia entre pianistas, BS foi a Ponta Delgada em 2005 e gravou em 3 dias este disco composto por peças em que então trabalhava, outras revisitadas, uma de Coltrane e duas de uma Suite Maria do Mar, encomenda da Cinemateca em '98 para o filme Maria do Mar de Leitão de Barros (essa suite, gravada em 2010 com a Sinfonietta de Lisboa, tinha edição prevista para 2020, em celebração dos 50 anos do autor. aguardemos...). se puderem comprem, se não puderem, pelo menos procurem nas plataformas digitais (suponho que ande por lá) e sigam a indicação que se pode ler no interior do digipack: este álbum não é para ser ouvido no carro. acrescento: este disco deve ser ouvido em casa, em silêncio, com uns bons auscultadores.
sendo um melómano de parcas noções musicais, pouco do que eu dissesse estaria a par do trabalho de BS. as dissonâncias, os tempos inesperados, a surpresa de um piano nos levar para sensações, emoções, que não cabem senão em medidas de tempo musicadas por aqueles dedos, são meros indícios de uma metalinguagem que não faz jus à complexidade e profundidade destas composições. deixo-vos com palavras do compositor, uma lição de poética: "Gosto de iniciar o processo de composição usando progressões harmónicas no seu estado mais simples e, a partir do momento que o mote principal está definido, começo então por introduzir notas fora da escala ou acordes compostos, assim como linhas de constante tensão e resolução de maneira a poder dar a ideia de dinâmica e movimento".
voltemos a Sassetti: não lhe sucedeu, até agora, o mesmo que a Pessoa. este Solo, gravado no Teatro Micaelense, é claramente um 'capolavoro'. atraído pelo piano do teatro, cuja mística crescia entre pianistas, BS foi a Ponta Delgada em 2005 e gravou em 3 dias este disco composto por peças em que então trabalhava, outras revisitadas, uma de Coltrane e duas de uma Suite Maria do Mar, encomenda da Cinemateca em '98 para o filme Maria do Mar de Leitão de Barros (essa suite, gravada em 2010 com a Sinfonietta de Lisboa, tinha edição prevista para 2020, em celebração dos 50 anos do autor. aguardemos...). se puderem comprem, se não puderem, pelo menos procurem nas plataformas digitais (suponho que ande por lá) e sigam a indicação que se pode ler no interior do digipack: este álbum não é para ser ouvido no carro. acrescento: este disco deve ser ouvido em casa, em silêncio, com uns bons auscultadores.
sendo um melómano de parcas noções musicais, pouco do que eu dissesse estaria a par do trabalho de BS. as dissonâncias, os tempos inesperados, a surpresa de um piano nos levar para sensações, emoções, que não cabem senão em medidas de tempo musicadas por aqueles dedos, são meros indícios de uma metalinguagem que não faz jus à complexidade e profundidade destas composições. deixo-vos com palavras do compositor, uma lição de poética: "Gosto de iniciar o processo de composição usando progressões harmónicas no seu estado mais simples e, a partir do momento que o mote principal está definido, começo então por introduzir notas fora da escala ou acordes compostos, assim como linhas de constante tensão e resolução de maneira a poder dar a ideia de dinâmica e movimento".
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