05/02/2019

Eu penso continuamente nos que foram em verdade grandes,
Nos que, desde a matriz, se lembraram de uma história de alma
Em corredores de luz onde as horas são sóis.
Sem fim, cantando. Cuja doce ambição 
Fora que seus lábios, do fogo sem cessar tocados,
Anunciassem o Espírito coberto de cânticos, da cabeça aos pés.
E que dos ramos primaveris colheram
Os desejos tombando por seus corpos como flores.

O que é precioso é não esquecer nunca
A alegria essencial do sangue que flui de fontes sem idade
Brotando de uma rocha em mundos anteriores à terra.
Nunca negar o prazer dele à claridade simples da manhã
Nem a sua grave e nocturna exigência de amor.
Nunca permitir que gradualmente o tráfego amacie
Com ruído e névoas o florescer do espírito.

Perto da neve, perto do sol, nos mais altos campos
Vêde como a esses nomes festejam ondulantes ervas
E flâmulas de nuvem branca
E sussurros do vento no céu que escuta.
Os nomes daqueles que em suas vidas pela vida lutaram,
Que usaram nos seus corações o centro do fogo.
Nascidos do sol viajaram um momento breve ao encontro do sol,
E deixaram o ar vívido assinado a honra.


Stephen Spender, trad. Jorge de Sena, in "rev. Árvore nº1", outono de 1951

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