José Bento ( 17 de Novembro de 1932 — 26 de Outubro de 2019 )
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Ao oferecer uma antologia
de Rainer Maria Rilke
O escrito aqui nada te será se o repetires:
canto ou silêncio de uma vida alheia,
aprendizagem de uma consumação
já colhida por quem a sazonou,
– sono abissal entre pétalas perenes.
Mas destas palavras sorverás
o sopro que vibre quanto escrevas,
uma presença tenebrosa
que desde o teu sangue te ilumine,
um caminhar vacilante pela mão,
cálida, translúcida
que te acompanhe para além da morte.
in "Silabário", pág. 19, 1ª ed. (e única), Relógio d'Água, Lisboa, 1992
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